Thursday, January 28, 2010

hoje eu e não o outro que aqui me invento

Passando palavras com os olhos. Os olhos, como o scroll do teclado, passando rápida, rapidamente, passando caracteres que não lê, passando-os o mais depressa que consegue, empatar tempo, fugir às lágrimas que insistem em escorrer rosto fora, que insistem em quase se tornar frenéticas. O som do piano. Não está aqui, mas entoa cá dentro, entoa de dentro, entoa só para mim. As lágrimas caem ao som do piano, porque é um piano, porque são os meus dedos, porque não está aqui, não há aqui. Tantos anos deixamos passar...tantos anos que levamos a construir a forma de nos desgastar, de nos perder. Tantos anos escavando o desfecho de que fugimos, sem que o saibamos, sem que o queiramos. Tantos anos que já não sabemos mudar nas suas réplicas futuras. Tantos anos, tantas vidas, tantas lágrimas e pianos e noites em que nem um copo nos encontra para trazer de volta o afago de um abraço. Tantos anos, e no entanto sempre o mesmo sítio. Procurar sair e não saber mais como. Chegar ao momento da mudança, e perceber que o caminho se esgueirou.

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