Monday, October 05, 2009

Almas Penadas

Quero que teus sejam
os pés da minha tortura,

Em cada dança girando
iluminados,

Como num sonho
teus pés
cheios de nada,

Vazios de tudo
rodopiando na mesma estrada.

Quero que à noite
em mim se calquem só por ti,

E de luas novas
em mim se vazem orifícios,

Quero que o sangue escorra imenso
em cada esquina,
e num só grito o céu se abra
e me soterre.

Teus pés ainda
Por entre lama e musgo,
Pelas frestas da calçada,
Entranhados na solidão
da pedra escura,

Ainda choram,
crianças perdidas na escuridão,
Ainda gemem,
orgasmos abafados pelo medo,
Ainda vivem,
eterna presença indesejada,
fantasmas que insistem em não
morrer.

Calçada sou à sombra da tua passagem.
Pisada sou à força de vivo te querer.

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