Monday, July 20, 2009

múltiplos

Não me parece mais que venhas. Portas batidas a mais atrás de mim. Portas que já não se abrem. E não são as fechaduras enferrujadas, não são as chaves perdidas, não são os trincos, são os olhos que não mais vêem que de portas abertas se fala. Escancaradas. Luz ao fundo, talvez, mas tanta sombra à nossa volta. E tu és tanta gente ao mesmo tempo. E tanta gente forma tudo o que não és. Vejo-te quando olho ao espelho mas sei que não te conheço. Às vezes ainda te lembro, mas não sei se te quero lá. Se partir o vidro num murro é a ti que desfaço ou a mim mesma? Pedaços de carne ou de nada saltando dispersos num grito e tanto sangue à volta... Resta alguma coisa de nós? Ainda somos? No espelho não há fusão, há distância. Tu e eu não somos um só. Nunca seremos um só.

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