Matinal
Sempre me deixei fascinar por pequenas coisas. O suave estalido da colher pousando no pires da chávena de café (depois de mexê-lo, com o braço todo em movimento, como o meu pai faz, e não só a mão e o pulso refastelado sobre a mesa, como a maioria das pessoas); a espuma da "bica" a desfazer-se na minha boca, lembrando o mar rebentando contra os meus pés, olhos fechados saboreando o sal, o sol, o açúcar adoçando o palato e a alma em cinco segundos de êxtase.
Lembro-me sempre das manhãs na Beira. Sete da manhã deitada na cama de madeira, a casa gelada, a braseira saturando o azulado do frio, contando as badaladas que me dizem o tempo que passou desde que acordei ( porque sempre tive insónias), a música sacra lembrando a serra que sempre me trouxe à mente imagens de vestidos oitocentistas e fotografias de cadáveres que ganham vida, mas sempre em tons de sépia ( porque em criança recriava o passado na tonalidade do papel em que o via retratado).
Essas memórias tornam-me nostálgica...Saudades do arrepio calado pelo abraço das mantas, os pés procurando pernas mais quentes em noites mais frias...Tenho saudades do Inverno e das desculpas que ele nos permite. Subtis chantagens emocionais que são na verdade jogos de sedução.
Como sempre tudo me traz de volta a ti...Relembro os velhotes felizes que nos imaginámos, passando o tempo devagar pelos corpos jovens. Revejo as horas que nos fomos (e algumas já nem lembrava! A dor da perda faz sempre renascer novas emoções). Revejo o mar que nos envolvia na sua bruma matinal enquanto apaixonadamente me observavas levantar de um mergulho, afastando as águas nas novas cores que à tua alma trazia.
Ao longe hoje o mar...E a memória das palavras proibidas.
Lembro-me sempre das manhãs na Beira. Sete da manhã deitada na cama de madeira, a casa gelada, a braseira saturando o azulado do frio, contando as badaladas que me dizem o tempo que passou desde que acordei ( porque sempre tive insónias), a música sacra lembrando a serra que sempre me trouxe à mente imagens de vestidos oitocentistas e fotografias de cadáveres que ganham vida, mas sempre em tons de sépia ( porque em criança recriava o passado na tonalidade do papel em que o via retratado).
Essas memórias tornam-me nostálgica...Saudades do arrepio calado pelo abraço das mantas, os pés procurando pernas mais quentes em noites mais frias...Tenho saudades do Inverno e das desculpas que ele nos permite. Subtis chantagens emocionais que são na verdade jogos de sedução.
Como sempre tudo me traz de volta a ti...Relembro os velhotes felizes que nos imaginámos, passando o tempo devagar pelos corpos jovens. Revejo as horas que nos fomos (e algumas já nem lembrava! A dor da perda faz sempre renascer novas emoções). Revejo o mar que nos envolvia na sua bruma matinal enquanto apaixonadamente me observavas levantar de um mergulho, afastando as águas nas novas cores que à tua alma trazia.
Ao longe hoje o mar...E a memória das palavras proibidas.
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