Monday, May 04, 2009

Deixando Inês morrer

Pensei. Parar de procurar. Parar de cutucar restos de dor. Parar de navegar nas lágrimas de outrora que sempre ficam.
Senti. Que os novos sóis do ocaso seriam mais arosados. Que Estios são sorrisos. Que mares são lembranças de felicidades sensoriais.
Julguei. Não saber mais o que escrevia, porque escrevia, se escrevia, o mundo passar a ter o sentido espontâneo de simplesmente fluir.
Concluí que eras pouco. Que foste. Não voltas. Não te quero mais.
Mas estás sempre aqui, aconchegado num pedaço de mim que dei à tua idealização. Num pedaço cortado de mim que não me importei que sangrasse. Num outro eu.
Inês pode ser tantos nomes, todos os que o mundo tem, tudo o que é mulher em todo o ser. Inês pode ser o que hoje é, somente um sonho. Tudo o que todos os Pedros que somos, em nós mesmos e nos outros procuramos. No outro. No sonho de uma alma gémea. Talvez os astros as saibam ver, mas a realidade não foi feita para elas. Sonhemos então com o que nunca será. Que só assim mais dentro existe. Só assim pode ser real. Se o mundo é de dentro para fora...quem sabe?
Foste Inês em mim já encontrada. Vai-te. Que há novas Vénus para nascer e de Ineses não mais quero saber.

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