Sunday, April 12, 2009

Encruzilhada

Parar a olhar o nada. Que nada é esse que vejo em tantas cores? Parar. Um turbilhão de obrigações, de respeitos, de pedidos, de afazeres, de vontades de outros que não eu. Parar. Cansada do tempo dos favorzinhos e ajudazinhas e conselhozinhos e sensibilidadezinhas. Parar. Porque se é injusto, porque se é egoísta, porque se é judaica redenção e auto-flagelação por pecados mortais que nem sonhados foram. Culpa. Corroendo as veias. Posso criar uma nova religião.
Parar. O rodopio atordoa-me as entranhas que gritam. Não querer mais ser tão dos outros, tão de todos, tão de ninguém. Não querer mais dar tudo o que se tem e ficar vazio mesmo quando se ganha. Não querer mais que um mundo inteiro tão certo e seguro de repente não mais exista, como se nunca tivesse sido, fechado em copas de uma emoção de que já se duvida.
Parar. Ser eu ou ser o outro é já tão igual. Tirar o sorriso que se veste de manhã para mostrar que se está bem, para não chatear os outros, para seguir o mesmo ritmo frenético de sempre, para fugir, para fingir que não se existe.
Parar. Sentir ser hoje mais possível uma vida mais real. Parar de alimentar o nada que se fita sem se ver. Porque o nada também tem cor. Porque o nada também é vida. Parar. Os esgares que dentro se ouvem também sabem voar. Voar para longe e deixar o mar entrar.
Parar. Porque a vida não acaba aqui.

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