Saturday, April 11, 2009

bolha

Uma espécie de bolha. Tudo exacerbado, tudo rápido, processos lentos acelerados pela concentração de gentes, de necessidades comuns, de saudades, de vidas que entre si tropeçam, de distâncias de tudo o que é lar. Uma espécie de correria em tanto que se partilha, viver intensamente, cinco segundos como os últimos, sorver a vida em vez de a comer. Sorvê-la alegremente.
O intercâmbio é uma espécie de Big Brother, dirias. No entanto tudo isto é vida, vida que não se repete, que ali foi em novas culturas, e aprendizagens, e gentes, e cheiros, e costumes, e risos tão mais audíveis.
Como uma espécie de amor de Verão aí me incluis, trancada na memória dos loucos meses da juventude adolescente tardia, nos loucos meses da vida intensa, emoções crescendo à flor da pele. Aí me trancas, num qualquer albúm de fotografias que talvez de vez em quando abras. Que talvez de vez em quando ainda ames.
Uma espécie de amor, de olhos humedecidos, de gemidos, de olhos prolongando-se, de risos escancarados, de noites perdidas no tempo ganho, de deslizes de bicicletas, de conversas intermináveis, de surpresas mais enternecedoras e mais ousadas, de viagens, de partilhas, de futuros.
Esperar. De volta ao mundo que deixara em stand-by e em que te quis incluir, de volta ao marasmo do fim de um ciclo, de volta à realidade, longe do amor outrora sentido (há não tanto tempo assim), espero. Espero poder esperar ter-te comigo outra vez. Espero a esperança que insiste em não vir, que não tem base que a sustente, que evaporou pelos canais de outras paragens, de uma espécie de bolha em que vivi.
Espero. E não é esperar que custa, é não saber o que fazer com o tempo que já nada tem para esperar.
Que um dia voltes. Que um dia me revejas. Que um dia tenhas menos medo. Que um dia me ames de novo, no sussurro das noites em que dois corpos de almas tão díspares se uniam formando um só...Um todo aqui e agora permanecendo além das barreiras do tempo e da lógica, além de qualquer múrmurio de fim.
A tua imagem dentro de mim e já lá não estás... Quando voltares a apertar-me a mão tão trémula avisa. Que tenho medo que já não o sinta. Que tenho medo de já não saber onde começar tudo o que perdi.

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