Desamor
Um raio desponta a nascente, dentro de mim uma luz incandescente grita, um foco de calor, de tumulto, de pânico. A malícia desses gemidos que me acordam, estilhaçando epidermes ressequidas, esvazia-me a raiva que sobe em flecha contra meu corpo…até nada restar.
Desperto. O vento dança à minha volta. O espaço que me rodeia parece-me desconexo. Tenho que pestanejar, talvez assim acorde num lugar familiar. Tudo na mesma. Continuo a descobrir-me sozinha numa praia deserta quando abro os olhos. Um mar revolto em frente, bradando-me os meus medos e desejos mais promíscuos.
Não sei como cá vim parar. Não sei sequer para onde irei. Não sei que respostas dar às perguntas que formulo e para mim não basta questionar. O controlo de tudo é o que me move. Talvez por isso invente respostas complexas para o que é simples. Quando uma criança me pergunta porque gostamos mais da caligrafia dos outros do que da nossa, eu respondo: talvez por acharmos que podemos sempre fazer melhor, ou porque apreciamos melhor o trabalho dos outros. Ao que ela me responde, troçando: Não, é porque estamos habituados à nossa e fartamo-nos dela. E assim ela resume tudo o que me extravasa. O maior tormento interior do Homem: o marasmo.
Fico melhor sozinha na praia. Tudo em mim cai em tédio porque faço sempre as piores escolhas. O desafio move-me e esgota-me.
Aqui, à beira-mar, a vida volta a ser mais possível. Recomeçar, partir do zero. Amar será um dia novamente possível. Por hoje fico-me pelo prazer de inspirar a orla deste imenso oceano que de mim mesma me leva.
Desperto. O vento dança à minha volta. O espaço que me rodeia parece-me desconexo. Tenho que pestanejar, talvez assim acorde num lugar familiar. Tudo na mesma. Continuo a descobrir-me sozinha numa praia deserta quando abro os olhos. Um mar revolto em frente, bradando-me os meus medos e desejos mais promíscuos.
Não sei como cá vim parar. Não sei sequer para onde irei. Não sei que respostas dar às perguntas que formulo e para mim não basta questionar. O controlo de tudo é o que me move. Talvez por isso invente respostas complexas para o que é simples. Quando uma criança me pergunta porque gostamos mais da caligrafia dos outros do que da nossa, eu respondo: talvez por acharmos que podemos sempre fazer melhor, ou porque apreciamos melhor o trabalho dos outros. Ao que ela me responde, troçando: Não, é porque estamos habituados à nossa e fartamo-nos dela. E assim ela resume tudo o que me extravasa. O maior tormento interior do Homem: o marasmo.
Fico melhor sozinha na praia. Tudo em mim cai em tédio porque faço sempre as piores escolhas. O desafio move-me e esgota-me.
Aqui, à beira-mar, a vida volta a ser mais possível. Recomeçar, partir do zero. Amar será um dia novamente possível. Por hoje fico-me pelo prazer de inspirar a orla deste imenso oceano que de mim mesma me leva.
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