Saturday, September 11, 2010

Sonata

Arde, o calor dos passos que não vejo, as palavras ecoando em tudo o que não disse, o rumor de um regresso que não vem.

Arde, e queima, chagas abertas, feridas que não sei sarar.

Arde, como uma espécie de fim adiado, palavra encravada na garganta, lágrima que insiste em não mais cair.

Arde, ao escrever-te cartas de um amor suspenso, cartas de um amor que tenho medo que se esvaia.

Haverá amor que subsista na ausência de partilha? Haverá amor que não morra em pé, árvore centenária de memórias que ficam, quando se deixa em suspenso, uma história por viver?

Tempo. Uma cara que perde as raízes dentro de nós. Tempo. Uma lembrança que faz sorrir. Tempo. Nada mais a dizer a quem nos via por dentro. Tempo. Aprender a deixar que as velas ardam em nós até ao fim.

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