Sunday, June 17, 2007

Olissipo

Uma cidade fantásma. Lisboa, domingo, sete da manhã. Viv'alma, como na minha terra, Santarém, capital de província, a qualquer hora da noite.
Assim despida uma cidade parece tão possível. Parece que tudo é novamente provável, mais edifícios restaurados, mais casas habitadas, porque menos gente na rua.
Assim vazia, Lisboa em particular tem o encanto de tudo o que é demasiado cheio para que tenha algo de seu. Quando abandonada, Lisboa enche-se de vida, a vida das árvores que cantam, dos pássaros que já se ouvem, do rio e das gaivotas ao longe...Assim, nesta hora de recomeço ou despedida, Lisboa parece novamente criança, novamente feliz, como se as coisas se renovassem após a grande chuvada, esse dilúvio que arrasta todos os males do mundo. A miséria, a fome, a injustiça...Lisboa, cidade de contraste, multicultural, multipopulacional, multiolfática, multiplicada em doses de vidas e poluição e tráfego, torna-se um pouco mais quente na distância da agitação do dia-a-dia...Nesse momento em que sonho com a nova Lisboa, parte de Portugal, mais afável no acolher de quem a é. Para que não parta todo o fim-de-semana, com horror a ser Lisboa.