Saturday, May 31, 2008

Exaustão

Primaveras chegam em chuvada, num clima que não se sabe mais temperado. Notícias voam em mentes quase indiferentes. As massas que se deslocam quase amorfas, um mesmo corpo, uma massa uniforme, cinzenta, indistinta, uma negra nuvem de quem se mistura na apatia.

Portugal, Europa, Mundo, por todo o lado tudo igual, sociedade global etnocêntrica. Ser tolerante é hoje um relativismo gnoseologico, ser civilizado é hoje um nada dizer, calar, ser justo é hoje ser defensivo, é pegar nos direitos humanos e transformá-los em armas, desconstruí-los. Educar sem instruir, e de novo Salazar habita a sociedade que hoje democrática se diz, porque o ensino é mera corrida para vencer os problemas de estatistica.

Virar a cara? Nunca. Por mais farta que esteja. A revolução faz-se na mente, na persistente luta por informação que traz igualdade de oportunidades. Talvez utopia de minha mente jovem, talvez, mas é sempre essa a desculpa de quem se adapta, aculturação a um mundo cada vez mais redutor.

Ainda ergo a voz, com mais ou menos valia. O Maio de 68 que nunca verdadeiramente existiu talvez volte para um dia ser real.

Friday, May 09, 2008

Fantasmas


Um dia vou pintar em tons de memória as paredes das casas que me deixaram.
(por agora prefiro deixá-las voar...)

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Sunday, May 04, 2008

Noctívago

Dorme a cidade lá fora, na sua paz adornada de vida. Em cada recanto uma luz amarelando a sombra, em cada recanto um pedaço de história, uma qualquer vida, tantas que se beijam, e se batem, e se riem, e se são. Lisboa tem pequenos cantos de luz por entre a sombra, sempre novos encantos tão antigos. Anciã sempre renovada, num espírito leve que voa, na bruma da sua melancólica expectante contemplação de um milagre sempre iminente. D.Sebastião projectando um povo que geme numa alegre dor carpida, um misto de mar, de sol, de chuva, de sal. Um povo de fados vividos e especialmente sonhados. Um povo por vezes parado.

Dorme Lisboa lá fora, na sua aventureira ânsia de nunca verdadeiramente adormecer, embalando cá dentro as almas que em todos nós flutuam.